24 de fev. de 2011

Lenda Oxalá e o saco da criação


Olodumaré entregou a Oxalá o saco da criação para que ele criasse o mundo. Essa missão, porém, não lhe dava o direito de deixar de cumprir algumas obrigações para outros Orixás e Exu, aos quais ele deveria fazer alguns sacrifícios e oferendas.
Oxalá pôs-se a caminho apoiado em um grande cajado, o Paxorô. No momento em que deveria ultrapassar a porta do Orun, encontrou-se com Exu que, descontente porque Oxalá se negara a fazer suas oferendas, resolveu vingar-se, e provocou-lhe uma sede intensa. Oxalá não teve outro recurso senão o de furar a casca de um tronco de um dendezeiro para saciar sua sede.
Era o vinho de palma também conhecido como ("emu" e "oguro") o qual Oxalá bebeu intensamente. Bêbado, não sabia onde estava e caiu adormecido. Apareceu então Olófin Odùduà, que vendo o grande Orixá adormecido roubou-lhe o saco da criação e, em seguida, foi à procura de Olodumaré para mostrar o que achara e contar em que estado Oxalá se encontrava.
Olodumaré disse então que “se ele está neste estado vá você a Odùduà, vá você criar o mundo”. Odùduà foi então em busca da criação e encontrou um universo de água, e aí deixou cair do saco o que estava dentro. Era terra. Formou-se então um montinho que ultrapassou a superfície das águas.
Então ele colocou a galinha cujos pés tinham cinco garras. Ela começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície da água; onde ciscava, cobria a água, e a terra foi alargando cada vez mais, o que em yoruba se diz Ile`nfê, expressão que deu origem ao nome da cidade Ilê-Ifê.
Odùduà ali se estabeleceu, seguido pelos outros Orixás, e tornou-se, assim, rei da terra.
Quando Oxalá acordou, não encontrou mais o saco da criação. Despeitado, procurou Olodumaré, que por sua vez proibiu-o, como castigo a Oxalá e toda sua família, de beber vinho de palma e de usar azeite de dendê. Mas como consolo lhe deu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos nos quais ele, Olodumaré insuflaria a vida.

Um comentário:

  1. É certo que a África é o berço da civilização antiga, o homem lá nasceu...lá também morreu.O fim da velha civilização se deu por conta do poder de poucos, com relação aos outros milhares, que, justamente por não terem poder se viam obrigados à submeter à escravidão.Toda idéia de supremacia do velho mundo era amparada na capacidade de amealhar, em torno de si, servidores.
    Dois eventos mudadaram a consciência coletiva: A pólvora e a civilidade.
    A pólvora foi desenvolvida em um continente distante da velha Africa, o que fez dela, méra fonecedora, no grande negócio que ela própria havia inventado.
    A civilidade, como coisa irremediável, moldou durante os século a idéia de igualdade entre os homens.
    A África alheia às novas idéias e saudosa de áureas glórias passadas se deixou isolada em suas tribos, certos de que alguns homens são, de fatos, escolhidos por Deus, para comandar a humanidade.Séculos e mais séculos de ventos, encobriram de areia o símbolo da escravidão nos desertos do Egito.O mesmo deserto que enterrou os faraós viu surgirem os ditadores da Africa...O tempo agora é outro, mas os homens com poder são os mesmos, mesquinhos e iludidos quanto ao fato de que esse estado de coisa nunca vai mudar.
    Hoje o mundo é outro, nenhum povo pode mais se isolar, esse povo que nunca viu a liberdade precisa de todos nós.
    Pra África poder nascer de novo, com LIBERDADE.

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